sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Onde andam vocês?

"Dias bons"


"Os dias bons são os dias em que se acorda, tendo dormido oito, nove ou, melhor ainda, dez horas e, reflectindo naquela ronha de quem já não consegue dormir mais mas gosta de ficar na cama (porque a temperatura e a companhia são perfeitas), se lembra que não tem nada para fazer, senão tomar o pequeno-almoço, o almoço, o chá e o jantar. E, se quiser, entretanto, nalgum intervalo qualquer, trabalhar, tanto melhor. Mas não importa. Dias de domingos antigos: dias de prazer sem saber. 
Os dias bons nunca acontecem. Acontecem, quando muito, cinco ou dez mil vezes numa vida. Três míseros anos já têm mais de mil. Domingo, daqui a uma semana, terei a sorte nunca tida de estar casado e feliz com a Maria João há 12 anos. Doze anos cheios de dias bons, impossíveis de contar. 
O amor, para quem é mais novo e não sabe como fazer, não é uma técnica ou uma táctica. Não há segredo. Não há lições. Ou se ama ou não se ama. Ou se é também amado ou não se é. Esperar é o melhor conselho. Experimentar é o pior. O segredo não é ter paciência: é conseguir manter a impaciência num estado de excelsitude. É como o «nunca mais é domingo». Se não sentirmos, todos os dias, que nunca mais é domingo, quando chegar o domingo parecer-se-á com outro dia qualquer. 
Os dias bons não são os que ficam para lembrança. São aqueles que se esquecem, porque se repetem na mais estúpida felicidade mas que, todos juntos, servirão para um dia eu poder dizer «sim, eu já fui feliz»".


Miguel Esteves Cardoso, in "Jornal Público".

Ahhhh... Venham eles!

sábado, 12 de outubro de 2013

"Explorer, this is Houston"

Gravity



Nada do que estava à espera, mas gostei muito. É um filme para se ver em 3D e, se possível, na sala IMAX em toda a sua plenitude. Tem cerca de 90 minutos e o argumento é simples, o que não podia ser de outra forma. A espetacularidade do filme reside no seu cenário, o que condiciona o argumento, ao contrário de filmes passados na Terra. Contudo, a carga emocional é enorme. O filme é todo passado no espaço e o seu ambiente é completamente esmagador. Todo o panorama e atmosfera envolventes são espetaculares, não há outra forma de descrever. No entanto, é aqui que reside o problema. A sua cinematografia só é verdadeiramente contemplada no cinema. Posto isto, e independentemente do gosto de cada um, é, de facto, um filme a não perder enquanto está em exibição.