Há coisas que não se entendem no nosso país, uma delas é precisamente o estatuto de bolseiro. Mão de obra altamente qualificada, que não tem o mínimo de apoio, nem de estabilidade, nem de nada. É incrível como se consegue não dar um reconhecimento digno a quem faz avançar a ciência em Portugal. Dia 22 de Maio foi lançada a campanha "Por um contrato de trabalho" apoiada por várias instituições de ensino superior e de investigação.
É ridículo ter de se chegar ao ponto de lançar campanhas, para defender posições, que deviam ser intrinsecamente defendidas pelo governo. Como é que não há direito de progressão na carreira? Ah... Não há carreira sequer. Pois é. Não há direito a greve também, o que faz todo o sentido. E nem adianta chegar ao subsídio de férias, de desemprego ou mencionar a questão da segurança social. Anos e anos a contribuir para o avanço da ciência em Portugal e o retorno é ter de andar em campanhas, para lutar por direitos, que nem sequer deviam ser postos em causa. É ridículo. Doutorandos, doutorados, técnicos, estagiários e investigadores a trabalhar diariamente nas instituições, a contribuir para a progressão dos projectos, para o desenvolvimento de novas ideias, a serem reconhecidos pela comunidade científica quando, na base de tudo, vivem de bolsas, sem qualquer dignidade e sem o mínimo de garantias. Força Portugal, vamos continuar a não entender que é na mão destas pessoas que está o futuro e vamos continuar a incentivar o abandono da mão de obra qualificada do nosso país. Força.
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